segunda-feira, 11 de julho de 2016

Escolas espanholas ganham sotaque global - Entrevista Guilherme Ubiali


Saiu hoje no jornal Valor Econômico a entrevista que dei falando sobre a experiência de estudar um MBA na Espanha. Para quem tiver curiosidade sobre o tema, segue a matéria.

Escolas espanholas ganham sotaque global

Valor Econômico 
Por Stela Campos
11/07/2016


As escolas de negócios espanholas, na verdade, parecem pouco espanholas. Em seus campi, ouve-se de tudo: mandarim, japonês, português, alemão, hindi, entre outros idiomas. Existem muito mais estudantes estrangeiros do que locais. Esse ambiente globalizado, com alto índice de internacionalização nas classes, aliado a um ensino que se equipara às melhores instituições do mundo, têm alavancado as três principais escolas do país nos rankings globais de educação executiva e de MBA.

A história de sucesso da Iese, da IE A história de sucesso da Iese, da IE e da Esade coincide com o crescimento da economia espanhola. "Há 30 anos, o país precisava formar mais administradores, portanto, houve uma importante sinergia com as instituições de ensino de negócios locais", explica o professor José Ramon Pin, diretor acadêmico do MBA Executivo da Iese. Ele conta que a projeção internacional aconteceu a partir dos anos 90, quando elas começaram a figurar nos rankings do jornal "Financial Times" e das revistas "The Economist" e "Forbes", entre outros.

Atualmente, as três escolas são as únicas do país que contam com a chamada "triple crown", que é a acreditação dos três selos de qualidade mais disputados do mundo, da The Association to Advance Collegiate Schools of Business (AACSB), da The Association of MBAs (Amba) e da European Quality Improvement System (Equis). Mas não são apenas os títulos conquistados por elas que atraem os alunos internacionais. A possibilidade de estudar em Madri ou Barcelona e estar na Europa tendo um custo de vida mais baixo do que em cidades como Londres e Paris conta pontos na escolha.

O brasileiro Guilherme Ubiali, 29 anos, aluno do International MBA da IE Business School, decidiu estudar na Europa por conta da experiência cultural intensa proporcionada pela grande diversidade em sala de aula, mas também pela possibilidade de poder trabalhar na região após o curso. "Quando a escolha é entre as 20 melhores do mundo não se perde nada em relação às escolas americanas", diz. Estudar em Madri, segundo ele, é um ótimo "plus". "A qualidade de vida é incrível. É uma cidade moderna que abre inúmeras possibilidades", afirma.

Ele escolheu a IE porque queria aproveitar o "dual-degree", que permite ao aluno em 18 meses ganhar dois diplomas, o de MBA e o de mestrado, além do foco da escola no empreendedorismo. A IE foi criada em 1973, fruto da iniciativa de um grupo de empresários locais, o que pode justificar esse DNA empreendedor. "Sempre fomos uma escola inovadora e disruptiva", diz o reitor Santiago Iñiguez, que está há 12 anos no comando. Ele conta que a instituição foi uma das primeiras a lançar o modelo de MBA executivo na Europa, um programa part-time voltado para executivos que não querem parar de trabalhar para estudar. "Há 40 anos, ele foi muito criticado por ser pouco acadêmico, mas hoje é adotado pelas melhores escolas do mundo."

Iñiguez diz que o mesmo aconteceu nos anos 90, quando a escola lançou os cursos "blended", misturando aulas online e presenciais. "Diziam que era um ensino barato e de má qualidade", conta. O modelo híbrido da escola se tornou um sucesso, o que a levou este ano ao topo do ranking do "FT" em cursos de MBA online. "Tomamos decisões que pareciam suspeitas, mas que ao longo do tempo se tornaram tendências", diz o reitor.

Um consenso entre os reitores das três escolas é que junto com a formação de mercado e técnica, o ensino de administração moderno deve enfatizar o lado humano da gestão. "Nossa visão é humanista, precisamos dar essa perspectiva holística para os alunos", diz Heukamp, da Iese. Santiago Iñiguez afirma que desenvolver líderes tem a ver com criar uma visão de mundo que se alcança conhecendo a história, a literatura, a cultura de outros países, a sociologia e questões ligadas as ciências políticas. "Humanas é a linha que une tudo que tem a ver com os conhecimentos práticos", afirma. A Espanha, com sua rica tradição cultural, pode ser um lugar inspirador quem quiser mergulhar nesses temas.